A crescente junção entre tecnologia e finanças tem dado origem a uma série de inovações, a mais recente é o Real Digital, denominado como Drex, anunciado oficialmente pelo Banco Central no começo deste mês. Segundo definição do Banco Central, a Plataforma Drex “é um ecossistema de registro distribuído, no qual intermediários financeiros regulados converterão saldos de depósitos à vista e em moeda eletrônica em Drex, para que os seus clientes tenham o acesso a vários serviços financeiros inteligentes”.
Ou seja, o Drex funcionará com uma extensão do real físico, será emitido pelo Bacen, intermediado por terceiros como bancos, instituições de pagamentos e fintechs, e terá as mesmas funções do papel-moeda só que no meio das plataformas digitais de blockchain.
Por ser uma moeda oficial, o Drex não pode ser confundido com outros criptoativos, pois estes são ativos digitais emitidos por entidades privadas e sem o poder liberatório legal da moeda emitida pelo Bacen. Assim, ao contrário do bitcoin e de outros criptoativos assemelhados, o Drex terá um controle centralizado do Banco Central e não terá nenhum tipo de variação no preço.
Por mais que não possa ser confundida com criptoativos, o Drex poderá ter a mesma base de tecnologia, a DLT (Digital Ledger Tecnology), que se trata de banco de dados digital com informações copiadas, compartilhadas, sincronizadas e distribuídas geograficamente por vários pontos. Esse tipo de banco de dados é sincronizado e capaz de registrar todo histórico das operações, além de ser auditável.
Com a implementação do Drex, alguns impactos na vida cotidiana são previstos, como os exemplos trazidos abaixo.
- Contratos inteligentes – com o lançamento do Drex o Banco Central pretende implementar um sistema de tokenização dos contratos, como por exemplo, caso alguém queira comprar um carro, o Drex só será transferido para o vendedor quando o carro já estiver no nome do comprador, automatizando a forma de negociação, garantia e confiança dos dois lados.
- Movimentação da economia – a expectativa é que, com a aglutinação e automatizando de várias transações, o Drex trará um ambiente de negócios mais seguro, transparente e favorável.
- Independência – como o DREX é regulado e emitido pelo Banco Central, todas as diretrizes serão advindas do Banco Central, trazendo maior estabilidade e segurança jurídica.
- Redução de custos bancários – uma das propostas do Drex é a redução dos custos associados às operações bancárias. Com taxas menores e processos mais eficientes, os usuários podem se beneficiar de transações financeiras mais acessíveis e econômicas, permitindo que mais pessoas participem ativamente do sistema financeiro.
- Inteligência dos pagamentos – o Drex também pode ser usado para pagamentos inteligentes, como o caso do pagamento de taxas governamentais, como o Renavam e o IPVA.
O DREX representa uma mudança revolucionária no mercado financeiro brasileiro, trazendo os benefícios da blockchain para a moeda nacional, sendo uma nova forma de ter dinheiro e fazer transações.
Segundo declaração do Diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso, o Drex é um novo movimento na economia e uma novidade para todo o mercado financeiro, assim como pode representar a integração das criptomoedas com a economia tradicional, podendo representar importantes mudanças na economia nacional.
Obviamente como toda tecnologia e inovação teremos que acompanhar para verificar eventuais debilidades e consequências ou soluções jurídicas que possam ser implementadas para conferir maior segurança na utilização dessa nova moeda digital.
A implementação do Drex pelo Banco Central ainda está em fase de testes, mas expectativa é que a nova moeda seja lançada para o público somente a partir de 2025.